Choques externos e desequilíbrios financeiros: uma interpretação sobre a crise brasileira

  • Martin Branco Kirsten Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Henrique Morrone Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Palavras-chave: Teorias da crise, Setores institucionais, Modelo econométrico, Brasil.

Resumo

O presente trabalho investiga as causas da recessão brasileira iniciada em 2014. Se por um lado o diagnóstico convencional atribui a crise a um descontrole das finanças públicas, outras interpretações enfatizam choques externos e um excessivo endividamento do setor privado. A hipótese alternativa é que a deterioração das contas públicas é uma consequência da crise e não a sua causa. Utiliza-se a metodologia desenvolvida por Toda e Yamamoto (1995), a fim de verificar a hipótese de não causalidade de Granger entre as séries temporais dos resultados do setor privado, setor público e saldo em conta corrente do Banco Central do Brasil (BCB, 2017) para o período de novembro de 2002 a junho de 2017. Os resultados sugerem que os saldos dos setores externo e privado causam no sentido de Granger o saldo (resultado) do setor público.

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Biografia do Autor

Martin Branco Kirsten, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Mestre em Economia do Desenvolvimento pelo PPGE/UFRGS
Henrique Morrone, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Professor Titular do PPGE/UFRGS

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Publicado
2019-09-21
Como Citar
Kirsten, M. B., & Morrone, H. (2019). Choques externos e desequilíbrios financeiros: uma interpretação sobre a crise brasileira. Brazilian Keynesian Review, 5(1), 43-68. https://doi.org/10.33834/bkr.v5i1.167
Seção
Artigos