Política monetária e ciclo financeiro global: uma análise sobre o caso brasileiro durante o regime de metas de inflação
Resumo
O presente artigo investiga os desdobramentos de um aumento da taxa básica de juros sobre a estabilidade do nível de preços com o objetivo de avaliar a efetividade da política monetária no Brasil para o período entre 2000 e 2014, caracterizado pela vigência do Regime de Metas de Inflação (RMI). Nesse sentido, o estudo resgatou a crítica pós-keynesiana ao Novo Consenso Macroeconômico, bem como a discussão centrada nos impactos do ciclo financeiro global sobre países emergentes e em desenvolvimento. Em termos empíricos, a estimação do modelo de Vetores Autorregressivos com correção de erros (VEC) apresentou resultados em linha com a literatura crítica ao RMI. Assim, a elevação da taxa de juros tem um impacto misto sobre a inflação. Por um lado, quando avaliada isoladamente, uma política monetária contracionista tem um efeito inicial inflacionário devido ao fenômeno do price-puzzle; por outro, um aumento da taxa de juros tende a gerar sobrevalorização cambial, a qual ajuda a conter a inflação. Além disso, a sobrevalorização cambial também se relaciona à ascensão do ciclo financeiro global, facilitando o cumprimento da meta durante tais períodos.
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